quarta-feira, 13 de março de 2019

Celebração das Têmporas da Quaresma

As "Quatro Têmporas"

Fonte original: Rorate Caeli Tradução: OBLATVS Fonte: Oblatvs

O brilho das Quatro Têmporas, por Michael P. Foley*

As Quatro Estações

As Quatro Têmporas, que caem na quarta-feira, sexta-feira e sábado da mesma semana, ocorrem em conjunção com as quatro estações do ano. O outono [primavera no hemisfério sul, n.d.t.] traz as Têmporas de setembro, também conhecidas como as Têmporas de São Miguel devido a sua proximidade coma Festa de São Miguel em 29 de setembro. O inverno [verão no hemisfério sul, n.d.t.], por outro lado, traz as Têmporas de dezembro, durante a terceira semana do Advento e a primavera [outono no hemisfério sul, n.d.t.] traz as Têmporas da Quaresma, após o primeiro domingo da Quaresma. Finalmente, o verão [inverno no hemisfério sul, n.d.t.] anuncia as Têmporas de Pentecostes, que ocorrem dentro da Oitava de Pentecostes.

No Missal de 1962, as Têmporas eram observadas como férias de segunda classe, dias feriais de especial importância que se sobrepunham inclusive a certas festas de santos. Cada dia tem sua Missa própria, todas as quais são bastante antigas. Uma prova de sua antiguidade é que elas são uns dos poucos dias no rito gregoriano (como o Missal de 1962 agora vem sendo chamado) que têm cinco leituras do Antigo Testamento acompanhadas da leitura da Epístola, uma disposição antiga de fato.

Jejum e abstinência parcial durante as Têmporas eram também observados pelos fiéis desde tempos imemoriais até a década de 60. É esta associação de jejum e penitência com as Têmporas que levou alguns a pensarem que seu nome peculiar tivesse algo a ver com cinzas ardentes, ou brasas. Mas o nome em inglês [ember] deriva-se provavelmente de seu título latino, as Quatuor Tempora ou “Quatro Estações”.

Apostólicas e Universais


A história das Têmporas leva-nos às origens mesmas do Cristianismo. O Antigo Testamento prescreve um jejum quádruplo como parte de sua consagração do ano em curso a Deus (Zac 8, 19). Além destas observâncias sazonais, judeus piedosos na Palestina do tempo de Jesus jejuavam toda segunda e quinta – daí a vanglória do fariseu sobre o jejuar duas vezes por semana na parábola envolvendo um deles e o publicano (Lc 18, 12).

Os primeiros cristãos corrigiram ambos os costumes. A Didache, obra tão antiga que pode inclusive ser datada antes de alguns livros do Novo Testamento, conta-nos que os cristãos palestinos no primeiro século jejuavam todas as quartas e sextas: quartas porque é o dia em que Jesus foi traído e sextas porque é o dia em que Ele foi crucificado. O jejum de quartas e sextas de tal forma fizeram parte da vida cristã que uma palavra em gaélico, Didaoirn, significa literalmente “o dia entre os jejuns”.

No século terceiro, os cristãos em Roma começaram a destinar alguns destes dias à oração sazonal, em parte como imitação do costume judeu e em parte como resposta às festas pagãs que ocorriam por volta da mesma época. Assim nasceram as Têmporas. E depois que o jejum semanal tornou-se menos frequente, foram as Têmporas que permaneceram como testemunho evidente de um costume que remonta aos próprios Apóstolos. Ademais, ao modificando-se os dois jejuns judeus, as Têmporas encarnam a declaração de Cristo de que Ele não veio para abolir a Lei mas para cumpri-la (Mt 5, 17).

Proveitosamente Naturais

Este cumprimento da Lei é crucial porque ensina-nos algo fundamental sobre Deus, Seu plano redentor para nós e a natureza do universo. Tanto no caso dos jejuns sazonais dos judeus quanto das Têmporas dos cristãos, somos chamados a considerar a maravilha das estações naturais e sua relação com o Criador. Pode-se dizer, por exemplo, que as quatro estações indicam individualmente a felicidade do Céu, onde há “a beleza da primavera, o brilho do verão, a abundância do outono e o repouso do inverno”.

Isto é significativo porque as Têmporas são o único tempo no calendário da Igreja onde a natureza é destacada e reconhecida. Certamente o ano litúrgico como um todo pressupõe o ritmo anual da natureza (a Páscoa coincide com o equinócio de primavera, o Natal com o solstício do inverno, etc. [no hemisfério norte, n.d.t.]), mas aqui nós não celebramos os fenômenos naturais em si, mas os mistérios sobrenaturais que eles evocam. As Rogações comemoram a natureza, mas principalmente à luz de seu significado agrícola (ou seja, em relação com seu cultivo pelo homem) e não em seus próprios termos, por assim dizer.

As Têmporas, portanto, destacam-se como os únicos dias nas estações sobrenaturais da Igreja que comemoram as estações naturais da terra. Isto é apropriado porque, uma vez que o ano litúrgico renova anualmente nossa iniciação no mistério da redenção, ele deve fazer alguma menção especial à própria coisa que a graça aperfeiçoa.

Caracteristicamente Romanas


Mas e o sábado? A apropriação romana do jejum semanal evoluiu acrescentando o sábado como extensão do jejum de sexta-feira. E durante as Têmporas, eram realizadas uma Missa especial e uma procissão para a Basílica de São Pedro, com a congregação sendo convidada a “ficar em vigília com Pedro”. Sábado é um dia apropriado não somente para uma vigília, mas como um dia de penitência, quando nosso Senhor “jazia no sepulcro, e os Apóstolos estavam com o coração entristecido e em grande pesar”. A propósito, foi este costume que deu origem ao provérbio: “quando em Roma, faça como os romanos”. Segundo a estória, quando Santo Agostinho e Santa Mônica perguntaram a Santo Ambrósio de Milão se eles deviam obedecer aos jejuns semanais de Roma ou de Milão (que não incluía os sábados), Ambrósio respondeu: “quando eu estou aqui, eu não jejuo aos sábados, quando estou em Roma, jejuo”.

Solidariedade entre clérigos e leigos

Outro costume romano, instituído pelo Papa Gelásio em 494, é usar os sábados da Têmporas como dia para se conferir as Ordens Sagradas. A tradição apostólica prescrevia que as ordenações fossem precedidas por jejum e oração (cf. At 13, 3), e assim era bastante razoável situar as ordenações ao final deste período de jejum. Isto permitia à comunidade inteira unir-se aos candidatos no jejum e na oração pela bênção de Deus para sua vocação, e não apenas a comunidade desta ou daquela diocese, mas de todo o mundo.

Orações Pessoais

Além de comemorar as estações da natureza, cada uma das quatro Têmporas assume o caráter do tempo litúrgico em que está situada. As Têmporas do Advento, por exemplo, celebram a Anunciação e a Visitação, as únicas vezes durante o Advento, no Missal de 1962, em que isto é feito explicitamente. As Têmporas da Quaresma permite-nos ligar a estação da primavera [no hemisfério norte, n.d.t.], quando a semente deve morrer para produzir nova vida, à mortificação quaresmal de nossa carne. As Têmporas de Pentecostes, curiosamente, encontram-nos jejuando durante a Oitava de Pentecostes, ensinando-nos que existe um “jejum alegre”. As Têmporas de Outono [no hemisfério norte, n.d.t.] são o único tempo em que o calendário romano ecoa a Festa dos Tabernáculos e o Dia do Perdão dos judeus, duas comemorações que nos ensinam muito sobre nossa peregrinação terrena e sobre o sumo-sacerdócio de Cristo.

As Têmporas também nos oferecem a ocasião de um exame trimestral de nossa alma. O beato Tiago de Varazze (+ 1298) lista oito razões pelas quais nós devemos jejuar durante as Têmporas, a maioria delas relacionada à nossa luta pessoal contra o vício. O verão, por exemplo, que é quente e seco, é análogo ao “fogo e ardor da avareza”, enquanto o outono é frio e seco, como o orgulho. Tiago faz ainda um trabalho cativante ao coordenar as Têmporas com os quatro temperamentos: a primavera é sanguínea, o verão é colérico, o outono é melancólico e o inverno é fleumático. Não espanta que as Têmporas tenham se tornado tempos de retiro espiritual (não diferente de nossos modernos retiros), e que o folclore na Europa cresceu em torno deles, afirmando seu caráter especial.

Até o Extremo Oriente foi afetado pelas Têmporas. No sexto século, quando os missionários espanhóis e portugueses estabeleceram-se em Nagasaki, Japão, eles procuraram fazer refeições saborosas sem carne para as Têmporas e começaram a fritar camarões. A ideia conquistou os japoneses, que aplicaram o processo ao um diferente número de pratos do mar e vegetais. Eles chamam esta deliciosa comida – já adivinharam? – “tempura”, de Quatuor Tempora.


* Michael P. Foley é professor adjunto de patrística na Universidade de Baylor. É autor de Wedding Rites: A Complete Guide to Traditional Music, Vows, Ceremonies, Blessings, and Interfaith Services (Eerdmans) e Why Do Catholics Eat Fish on Friday? The Catholic Origin to Just About Everything (Palgrave Macmillan).






segunda-feira, 11 de março de 2019

Salve Maria! Entre os dias 14 e 17 de março, receberemos a visita do Pe. Christian e Diácono Danka, SJC, em Juiz de Fora. Eles são de uma comunidade birritualista da França (celebram as duas formas do rito romano), cujo carisma é o apostolado paroquial. Nestes dias de visita, estarão disponíveis para visitas pastorais e bênção de casas e enfermos. Farão visitas, uma palestra e celebrarão missas no rito tridentino (com a de sábado se cumpre o preceito dominical – atenção: marcada para 18h). Aqueles que quiserem recebê-los, peço que me informem o dia e horário (sexta e sábado) para montarmos uma agenda. Também assistiremos ao documentário "In Illo Tempore", do nosso amigo Lucas Monachesi (sobre o a Missa Tridentina após Bento XVI).
LOCAIS: (1) visitas: nas casas das pessoas; (2) missas, filme e palestra: no Instituto Cultural Santo Tomás de Aquino (Rua Braz Bernardino 73, Centro); (3) missa de domingo, 17/03, às 11h: na Capela SSVP, como de costume.


segunda-feira, 4 de março de 2019

Missa - Quarta-feira de Cinzas

Salve Maria! Informo que a missa tridentina de quarta-feira de cinzas (06/03) será excepcionalmente às 10h, em decorrência de muitas pessoas precisarem retornar ao trabalho à tarde. Na missa do próximo domingo (10/03), retornamos ao horário comum de 11h. Obrigado!