segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Meditações de São João Bosco: O Paraíso

1. Se muito nos apavora o pensamento e a consideração do inferno, igualmente nos consola a lembrança do Paraíso, preparado por Deus para todos os que o amam e o servem durante esta vida. Para que possas fazer dele uma ideia, contempla uma noite serena. Como é belo ver o Céu com aquela multidão e variedade de estrelas! Umas menores, outras maiores: enquanto umas despontam no horizonte, outras estão prestes a desaparecer; todas porém com boa ordem e segundo a vontade do seu Criador. Acrescenta a isto a visão de um belo dia, mas de tal forma que o esplendor do sol não ofusque a claridade das estrelas e da lua. Supõe além disto ter à mão tudo o que de belo se pode encontrar no mar, na terra, nos povoados, nas cidades, nos paços dos reis e dos monarcas do mundo inteiro. Junta a isto as bebidas mais delicadas, os alimentos mais saborosos, a música mais doce, a harmonia mais suave. Pois bem: tudo isto junto não é nada em comparação da excelência dos bens, dos gozos do Paraíso. Oh! como bem merece ser desejado e ardentemente amado aquele lugar onde se goza de todos os bens! O bem-aventurado não poderá deixar de exclamar: Estou saciado da glória do Senhor: Satiábor cum apparúerit glória tua.
2. Considera além disso o gozo que inundará a tua alma ao entrares no Paraíso. O encontro, o acolhimento dos parentes e dos amigos; a nobreza, a beleza dos Querubins, dos Serafins, de todos os Anjos e de todos os Santos, que aos milhões e milhões louvam o Criador; o coro dos Apóstolos, a multidão imensa dos Mártires, dos Confessores, das Virgens. Há também um exército enorme de jovens que por terem conservado a virtude da pureza, cantam a Deus um hino que ninguém mais pode entoar. Oh! quanto gozam naquele reino os bem-aventurados! Sempre mergulhados na alegria, sem a menor doença, sem desgostos e preocupações que perturbem a sua paz e o seu gozo!
3. Considera além disso, meu filho, que todos os bens até aqui enumerados são um nada em comparação do grande prazer que se experimenta na visão de Deus. Ele alegra os bem-aventurados com o seu olhar amorável e derrama nos seus corações um mar de delícias. Da mesma forma que o sol ilumina e embeleza o mundo inteiro, assim Deus, com a sua presença, ilumina todo o Paraíso e enche os seus afortunados habitantes de gozos inefáveis. Nele hás de ver como em um espelho, todas as coisas, gozarás de todos os prazeres da mente e do coração. São Pedro no Monte Tabor, por ter visto uma só vez o rosto de Jesus radiante de luz, ficou repleto de tanta doçura que exclamou fora de si: "Senhor, bom é para nós que fiquemos aqui: Bonum est nos hic esse. E lá teria ficado para sempre: Que prazer não será pois contemplar, não por um instante, mas para sempre, para sempre gozar desse rosto divino que enleva os Anjos e os Santos e que aformoseia todo o Paraiso! E a beleza e amabilidade de Maria, de que prazer deve também encher o coração do bem-aventurado! Oh! sim! quanto são amáveis os teus tabernáculos, ó Senhor! Quam dilecta tabernáculo, tua, Domine virtútum! Por isso os coros dos Anjos e dos bem-aventurados cantam a sua glória dizendo: "Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos. A ele seja dada honra e glória por todos os séculos".
Coragem pois, meu filho; neste mundo terás que sofrer alguma coisa, mas não importa: o prêmio que hás de receber no Céu compensará infinitamente todos os teus sofrimentos. Que consolação não será a tua, quando te encontrares no Céu na companhia dos parentes, dos amigos, dos Santos, dos bem-aventurados e exclamares: "Estou salvo e estarei sempre com Deus: Semper cum Domino érimus". Então é que hás de abençoar a hora em que abandonaste o pecado, a hora em que fizeste aquela boa Confissão e começaste a frequentar os Sacramentos, o dia em que deixaste os maus companheiros e te entregaste à virtude. E cheio de gratidão te volverás para o teu Deus e cantarás seus louvores e sua glória por todos os séculos. Assim seja.

Meditações de São João Bosco: A eternidade das penas

1. Considera, meu filho, que se fores para o inferno, nunca mais dele sairás. Lá se sofrem todas as penas e todas eternamente. Passarão cem anos desde que caiste no interno, passarão mil e o inferno estará ainda em seu começo; passarão cem mil, cem milhões, passarão mil milhões de séculos e o inferno terá apenas iniciado. Se um anjo levasse aos condenados a notícia que Deus os quer libertar do inferno depois de passados tantos milhões de séculos quantas são as gotas de água do mar, as folhas das árvores e os grãos de areia da terra, esta notícia lhes causaria a maior satisfação. É verdade, diriam, que devem passar ainda tantos séculos, mas um dia hão de acabar. Pelo contrário, passarão todos esses séculos e todos os tempos que se possam imaginar e o inferno estará sempre no princípio. Todos os condenados fariam de boa vontade com Deus o seguinte, pacto: "Senhor, aumentai quanto entenderdes este meu suplício; deixai-me nestes tormentos por quanto tempo quiserdes, contanto que me deis a esperança de que um dia hão de acabar". Mas nada: esta esperança, este termo nunca chegará.
2. Se ao menos o pobre condenado pudesse enganar-se a si mesmo e iludir-se dizendo: Quem sabe, um dia talvez terá Deus piedade de mim e me arrancará deste abismo! Mas não, nem isto: verá sempre escrita diante de si a sentença de sua eternidade infeliz. Pois então, irá ele dizendo, todas estas penas, este fogo, estes gritos nunca mais acabarão para mim? Não, lhe será respondido, não, jamais. E durarão sempre? Sempre, por toda a eternidade. Sempre, verá escrito naquelas chamas que queimam; sempre, na ponta das espaldas que o transpassam; sempre, naqueles demônios que o atormentam; sempre, naquelas portas eternamente fechadas para ele. Oh! eternidade! oh! abismo sem fundo! oh! mar sem praias! oh! caverna sem saída! Quem não tremerá ao pensar em ti? Maldito pecado! que tremendos suplícios preparas para quem  te comete!  Ah! nunca mais, nunca mais pecarei durante a minha vida.
3. Mas o que deve encher de pavor é pensar que aquela horrível fornalha está sempre aberta debaixo de teus pés e que é suficiente um só pecado mortal para lá te fazer cair. Compreendes bem, meu filho, o que estás lendo? Uma pena eterna por um só pecado mortal que cometes com tanta facilidade. Uma blasfêmia, uma profanação dos dias santos, um furto, um ódio, uma palavra, um ato, um pensamento obsceno basta para seres condenado às penas do inferno. Oh! meu filho, escuta pois o meu conselho: Se a consciência te acusa de algum pecado, vai depressa confessar-te para começar uma vida boa. Põe em prática todos os meios que te indicar o confessor. Se for necessário, faze uma confissão geral. Promete que hás de fugir das ocasiões perigosas, dos maus companheiros e se Deus te indicasse até que deves deixar o mundo, segue logo a sua voz. Tudo que se fizer para evitar uma eternidade de tormentos, é pouco, é nada: Nulla nimia secúritas, ubi periclitátur aetérnitas (São Bernardo). Oh! quantos na flor da idade abandonaram o mundo, a pátria, os parentes, e foram viver isolados nas cavernas, nos desertos, alimentando-se somente de pão e água, e até às vezes só de raízes, e tudo isto para evitar o inferno! E tu, que fazes, depois de tantas vezes que mereceste o inferno com o pecado? que fazes? Lança-te aos pés do teu Deus e dize-lhe: "Senhor, estou pronto a fazer o que Vós quiserdes: nunca mais hei de pecar em minha vida; já por demais vos tenho ofendido; mandai-me todos os sofrimentos que quiserdes durante esta vida, contando que eu possa salvar a minha alma”.

Meditações de São João Bosco: O Inferno

1. O inferno é um lugar destinado pela justiça divina para punir com suplícios eternos os que morrem em pecado mortal. A primeira pena que os condenado sofrem no inferno é a pena dos sentidos, que são atormentados por um fogo que queima horrivelmente, sem nunca diminuir de intensidade. Fogo nos olhos, fogo na boca, fogo em todas as partes. Cada sentido sofre a própria pena; os olhos sofrem pela fumaça e pelas trevas e são aterrados pela vista dos demônios e dos outros condenados. Os ouvidos, dia e noite, só escutam contínuos uivos, prantos e blasfêmias. O olfato sofre enormemente pelo mau cheiro daquele enxofre e pez ardente que o sufoca. A boca é atormentada por sede devoradora e fome canina: Et famem patiéntur ut canes. O mau rico no meio daqueles tormentos, ergueu o olhar ao Céu e pediu, como grande graça, uma pequena gota de água para mitigar a secura de sua língua e até essa gota de água lhe foi negada. Por isso, aqueles infelizes, requeimados de sede, devorados pelas chamas, atormentados pelo fogo, choram, gritam e se desesperam. Oh! inferno, inferno! Como são infelizes os que caem nos teus abismos! — E tu que dizes, meu filho? Se agora não podes conservar um dedo sobre a pequena chama de uma vela, se não podes aguentar nem uma fagulha de fogo na mão sem gritar, como poderás aguentar-te então entre aquelas chamas por toda a eternidade?
2. Considera além disso, meu filho, o remorso que experimenta a consciência dos condenados. Eles padecerão um inferno na memória, na inteligência, na vontade. Recordarão continuamente o motivo da sua perdição, isto é, por terem querido secundar alguma paixão. Esta lembrança é o verme que nunca morre: Vermis eórum non móritur. Recordarão o tempo que Deus lhes deu para evitar a perdição, os bons exemplos dos companheiros, os propósitos feitos e não cumpridos. Pensarão nos sermões ouvidos, nos avisos do confessor, nas boas inspirações para deixar o pecado; vendo que já não há remédio, lançarão gritos desesperados. A vontade nada terá do que deseja e ao contrário padecerá todos os males. A inteligência conhecerá finalmente o grande bem que perdeu. A alma separada do corpo, ao apresentar-se no tribunal divino, entrevê a beleza de Deus, conhece toda a sua bondade, chega quase a contemplar por um instante o esplendor do Paraíso, ouve talvez também os cantos harmoniosíssimos dos Anjos e dos Santos. Que dor verificar que perdeu tudo isso para sempre! Quem poderá resistir a tais tormentos?
3. Meu filho, tu que agora não te importas de perder o teu Deus e o Paraíso, conhecerás a tua cegueira quando vires tantos companheiros teus, mais ignorantes e mais pobres do que tu, triunfarem e gozarem no reino dos Céus, ao passo que tu serás arrojado para longe daquela pátria feliz, do gozo do mesmo Deus, da companhia da Santíssima Virgem e dos Santos. Eia, pois, faze penitência, não esperes para quando não houver mais tempo: entrega-te a Deus. Quem sabe se não é este o último chamado e se não correspondes, quem sabe se Deus não te abandona e não te deixa cair naqueles eternos suplícios! Oh! meu Jesus, livrai-me do inferno: A poenis inférni, libera me, Domine!

Finalmente publicado no site do Vaticano, em português e diversas outras línguas, o motu proprio Summorum Pontificum, em que Bento XVI esclarece que é "lícito celebrar o Sacrifício da Missa segundo a edição típica do Missal Romano, promulgada pelo Beato  João XXIII em 1962 e nunca ab-rogada".

Até pouco tempo, o documento estava disponível apenas em latim e húngaro; mesmo assim, o aumento do número de celebrações da Missa Tridentina foi rápido e consistente no mundo inteiro.